sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A casa de cada um...

Nesta época, gosto de tratar da vida.
Dou a roupa que não uso mais.
Livros que não pretendo reler.
Envio caixas para bibliotecas. Ou abandono um volume em um shopping ou café, com uma mensagem: "Leia
e passe para frente!".
Tento avaliar meus atos através de uma perspectiva maior.
Penso na história dos Três Porquinhos. Cada um construiu sua casa.
Duas, o Lobo derrubou facilmente.
Mas a terceira resistiu porque era sólida. Em minha opinião, contos
infantis possuem grande sabedoria, além da história propriamente dita.
Gosto desse especialmente.
Imagino que a vida de cada um seja semelhante a uma casa. Frágil ou
sólida, depende de como é construída.
Muita gente se aproxima de mim e diz: Eu tenho um sonho, quero
torná-lo realidade! Estremeço.
Freqüentemente, o sonho é bonito, tanto como uma casa bem pintada.
Mas sem alicerces.
As paredes racham, a casa cai repentinamente, e a pessoa fica só com
entulho. Lamenta-se.
Na minha área profissional, isso é muito comum.
Diariamente sou procurado por alguém que sonha em ser ator ou atriz
sem nunca ter estudado ou feito teatro.
Como é possível jogar todas as fichas em uma profissão que nem se conhece?
Há quem largue tudo por uma paixão. Um amigo abandonou mulher e filho
recém-nascido.
A nova paixão durou até a noite na qual, no apartamento do 10º andar,
a moça afirmou que podia voar.
Deixa de brincadeira , ele respondeu.
Eu sei voar, sim! rebateu ela.
Abriu os braços, pronta para saltar da janela. Ele a segurou. Gritou
por socorro. Quase despencaram.
Foi viver sozinho com um gato, lembrando-se dos bons tempos da vida
doméstica, do filho, da harmonia perdida!

Algumas pessoas se preocupam só com os alicerces. Dedicam-se à vida material.
Quando venta, não têm paredes para se proteger.
Outras não colocam portas. Qualquer um entra na vida delas.

Tenho um amigo que não sabe dizer não (a palavra não é tão mágica
quanto uma porta blindada).
Empresta seu dinheiro e nunca recebe. Namora mulheres problemáticas.
Vive cercado de pessoas que sugam suas energias como autênticos
vampiros emocionais.
Outro dia lhe perguntei: Por que deixa tanta gente ruim se aproximar de você?
Garante que no próximo ano será diferente.
Nada mudará enquanto não consertar a casa de sua vida.

São comuns as pessoas que não pensam no telhado. Vivem como se os
dias de tempestade jamais chegassem.
Quando chove, a casa delas se alaga.
Ao contrário das que só cuidam dos alicerces, não se preocupam com o
dia de amanhã.

Certa vez uma amiga conseguiu vender um terreno valioso recebido em herança.
Comentei:
Agora você pode comprar um apartamento para morar.
Preferiu alugar uma mansão. Mobiliou. Durante meses morou como uma rainha.
Quase um ano depois, já não tinha dinheiro para botar um bife na mesa!

Aproveito as festas de fim de ano para examinar a casa que construí.
Alguma parede rachou porque tomei uma atitude contra meus princípios?
Deixei alguma telha quebrada?
Há um assunto pendente me incomodando como uma goteira?
Minha porta tem uma chave para ser bem fechada quando preciso,
mas também para ser aberta quando vierem as pessoas que amo?

É um bom momento para decidir o que consertar. Para mudar alguma
coisa e tornar a casa mais agradável.
Sou envolvido por um sentimento muito especial.
Ao longo dos anos, cada pessoa constrói sua casa.
O bom é que sempre se pode reformar, arrumar, decorar!
E na eterna oportunidade de recomeçar reside a grande beleza de ser o
arquiteto da própria vida.

Walcyr Carrasco
By Amelia Biagioli

domingo, 8 de janeiro de 2012

Gosto

 "Eu gosto de quem facilita as coisas. De quem aponta caminhos ao invés de propor emboscadas. Eu sou feliz ao lado de pessoas que vivem sem códigos, que estão disponíveis sem exigir que você decifre nada. O que me faz feliz é leve e, mesmo que o tempo leve, continua dentro de mim. Eu quero andar de mãos dadas com quem sabe que entrelaçar os dedos é mais do que um simples ato que mantém mãos unidas. É uma forma de trocar energia, de dizer: você não se enganou, eu estou aqui. Porque por mais que os obstáculos nos desafiem o que realmente permanece, costuma vir de quem não tem medo de ficar."

Fernanda Gaona
By Amelia Biagioli

Você

Eu tenho um pouco de dó das pessoas que não têm você. Dó porque elas não ganham os seus beijos antes de dormir e, muito menos, percebem a diferença do seu cheiro pela manhã. Fresco. Eu tenho um pouco de pena do mundo que gira sem saber que você existe. Pena porque eles não sabem dos seus sorrisos e, muito menos, dos abraços que você sabe dar como ninguém. Nossos. Eu sinto muito por muita gente e muita coisa, às vezes é muito ruim estar extremamente feliz quando o mundo inteiro lá fora está mesmo uma porcaria. Mas não, eu não dividiria você com mais ninguém pra humanidade ser um pouco mais feliz. Eu não sou tão generosa assim. 

desconhecido
By Amelia Biagioli