quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Recolher-me

..."Uma esquizofrenia teológica, eu sei, quando fica tudo confuso assim, meu descanso é recolher-me como um tatu-bola e repetir até passar a crise: - Senhor, tem piedade de mim. Até em sonhos repito: - Senhor, tem piedade de mim. É perfeito. Sensação de confinamento outra vez, minha pele, minha casa, paredes, muro, tudo me poda, me cerca de arame farpado"...

Adélia Prado
By Amelia Biagioli

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Arrisquei...

Desfiz sonhos que não se cumpriram. Abandonei. Voltei. Me arrependi. Alcei novos voos. Arrisquei. Movi. Assumi as rédeas da vida que eu quis para mim. Transformei. Perdi. Ganhei. Fiz escolhas mal feitas e paguei alto por isso. Renunciei e tive respostas que jamais imaginei da vida. Silenciei e agradeci. Recomecei. 

Bibiana Benites
By Amelia Biagioli



sexta-feira, 11 de julho de 2014

Terra de ninguem

O espaço que existe dentro de nós é terra de ninguém. Quem dera houvesse um meio de criar o modelo ideal e determinar o lugar certo pra cada sentimento. Garantir que ninguém se mova além do permitido. Às vezes as vontades se atropelam, as histórias se acumulam e o espaço fica pequeno demais para abrigar tanta coisa. Volta e meia o passado cobra minhas escolhas e o futuro me testa; quer ver se tenho habilidade para me reinventar. Peno para acalmar os ânimos de tantas sensações amontoadas. Dou meu jeito. Ajeito. Acredito: sempre há jeito!”

Fernanda Gaona.
By Amelia Biagioli

A gente se arrisca...

"A gente se arrisca porque gosta de chorar de vez em quando. E se arrisca mais forte ainda porque gosta de sorrir também, digo eu, que não gosto (nem um pouco) do verbo prender. Prender o riso. Prender o choro. Prender o grito. Prender o verbo. Faz a gente deixar de ser, a gente.”

Vanessa Leonardi
By Amelia Biagioli

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Caso...


Caso fuja
Não culpe-me por minha impulsividade
Culpe sim, tuas ações
teus momentos de déficit de sanidade
Foram por causa destes que fugi.

Caso briguemos
Não culpe só a mim
Por minha falta de paciência,
Incompreensão
Ou quem sabe, por uma provável falta de educação
Mas também não culpe só a ti
Culpe a nós
Brigamos porque nós quisemos
Ambos
não apenas um.

Caso eu chore
Não culpe-me pela ação
Não é por falta de idade,
Maturidade,
Talvez seja apenas sensibilidade
Mas culpe a si
Por suas grossas palavras
suas farsas
Quem sabe trapaças
ou graças sem graça.

Caso eu sorria
Culpo-te por minha felicidade
Desde que seja sorrisos sinceros
E não forçados,
Amores eternos
E não trocados,
Certos ou errados, tanto faz
É errando que se descobre
Um amor
Não como cobre,
Mas, sim, como ouro.                                                                                      

Moon
By Amelia Biagioli

Sonho Perfeito

Queira estar do lado de quem lhe proporciona felicidade, de quem após uma briga tenta uma reconciliação. Queira estar do lado de quem te respeita te admira, te elogia, e te mostra que o motivo do sorriso dele é você. Queira alguém que corra do seu lado, que te queira bem. Alguém que ao ver sua infelicidade, seus problemas, suas dores… esteja do seu lado para cuidar de você, e dizer: estarei contigo! Precisamos acima de tudo de um companheiro que cumpra esse papel de “companheiro” e que não seja apenas uma pessoa á ser somada em sua vida, que seja alguém que veio para acrescentar, completar.
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By Amelia Biagioli

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Relacionamentos



Relacionamentos são estradas de mão dupla. Há movimento nos dois lados. Se o afeto só vai ou só vem, tem acidente na pista. Portanto, desvie, tome outro caminho. Não insista nos egoístas. Ninguém pode mudar ouvindo somente a própria voz.


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By Amelia Biagioli

Fechado para balanço

Fechou. Fechou para balanço. Esperou o último sair para baixar as portas. Fechou-se como quem sela uma carta, devagar. Lá dentro, um silêncio imenso assentou-se. Olhou para toda aquela bagunça, começou a experimentar uma sensação inédita, começou a enxergar uma certa paz abraçando o seu próprio caos.

Começou a ouvir um som desconhecido. Pela primeira vez na vida ela estava ouvindo a voz de uma amiga antiga, uma voz não, um sussurro baixinho. Pela primeira vez na vida ela escutava a própria voz. Uma voz linda, a quem se arrependia não ter dado mais ouvidos. Começou analisando com calma as receitas e despesas daquele período. Ganhou mais do que perdeu? Investiu mais do que obteve retorno? Acreditou demais em seus sonhos? O amor pede investimentos altos. Você só percebe isto depois que pagou, depois que se deu como garantia.

Um dia a conta vem, já dizia sua mãe. Na conta apertada, nos cálculos que não batem, entendeu que os estragos não tinham sido suficientes para fechar as portas definitivamente, mas quase. Antes de seguir, precisava quitar todas as dívidas, dizer o que ainda estava para ser dito. Mesmo que não fosse mudar nada, mesmo que não suavizasse suas perdas, suas despesas emocionais, precisava dizer. Aquele peso não era só dela para carregar sozinha. “Deixe que ele carregue também alguns dos encargos”, aconselhou aquela voz curtinha.

 Após entender a dimensão do estrago, a fundura para onde suas próprias escolhas cegas a levaram, começou a enxergar que em meio ao caos, também havia estoque. Doze, quem sabe quinze, caixas de amor próprio! Quem diria? Anotou num pedaço de papel uma lista de tudo que poderia lhe salvar, de tudo que tinha sobrado de si.

Anotou ali os poucos amigos que não desistiram da sua companhia e também o seu gosto esquecido pela leitura. Logo abaixo enumerou todas as caixas que continham o que a trazia para mais perto de si: ficar em silêncio ao pôr do sol, tomar vinho enquanto cozinha só para si, massagear os próprios pés assistindo pela quinta vez seu filme preferido. Sim, ainda havia em estoque muito para se descobrir sobre aquela mulher contida.

As portas permanecem abaixadas. Antes de seguir, precisa estar certa de seus próximos passos. Havia uma voz, pequenininha, crescendo e crescendo mais. Fechada para balanço ela se aceitou sozinha, mas não solitária. Estava no lucro. Sozinhos é que descobrimos que às vezes a melhor companhia já mora em nós.

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By Amelia Biagioli

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Casamento

Case-se com alguém que adore te escutar contando algo banal como o preço abusivo dos tomates, ou que entenda quando você precisar filosofar sobre os desamores de Nietzsche.
Case-se com alguém que você também adore ouvir. É fácil reconhecer uma voz com quem se deve casar; ela te tranquiliza e ao mesmo tempo te deixa eufórico como em sua infância, quando se ouvia o som do portão abrindo, dos pais finalmente chegando. Observe se não há desespero ou  insegurança no silêncio mútuo, assim sendo, case-se.

Se aquela pessoa não te faz rir, também não serve para casar. Vai chegar a hora em que tudo o que vocês poderão fazer, é rir de si mesmos. E não há nada mais cruel do que estar em apuros com alguém sem espontaneidade, sem vida nos olhos.

Case-se com alguém cheio de defeitos, irritante que seja, mas desconfie dos perfeitinhos que não se despenteiam. Fuja de quem conta pequenas mentiras durante o dia. Observe o caráter, antes de perceber as caspas.

Case-se com alguém por quem tenha tesão. Principalmente tesão de vida. Alguém que não lhe peça para melhorar, que não o critique gratuitamente, alguém que simplesmente seja tão gracioso e admirável que impregne em você a vontade de ser melhor e maior, para si mesmo.

Para se casar, bastam pequenas habilidades. Certifique-se de que um dos dois sabe cumpri-las. É preciso ter quem troque lâmpadas e quem siga uma receita sem atear fogo na cozinha; é preciso ter alguém que saiba fazer massagem nos pés e alguém que saiba escolher verduras no mercado. E assim segue-se: um faz bolinho de chuva, o outro escolhe bons filmes; um pendura o quadro e o outro cuida para que não fique torto. Tem aquele que escolhe os presentes para as festas de criança e aquele que sabe furar uma parede, e só a parede por ora. Essa é uma das grandes graças da coisa toda, ter uma boa equipe de dois.

Passamos tanto tempo observando se nos encaixamos na cama, se sentimos estalinhos no beijo, se nossos signos se complementam no zodíaco, que deixamos de prestar atenção no que realmente importa; os valores. Essa palavra antiga e, hoje assustadora, nunca deveria sair de moda.

Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços, mas quando duas pessoas olham em direções diferentes, simplesmente não podem caminhar juntas. É duro, mas é a verdade. Sabendo que caminho quer trilhar, relaxe! A pessoa certa para casar certamente já o anda trilhando. Como reconhecê-la? Vocês estarão rindo. Rindo-se.

Texto para o meu esposo Delmo Biagioli
18/01/2014 28 anos de Encontros, Desencontros e Reencontros...

Diego Engenho Novo
By Amelia Biagioli