quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Inverno

Velas iluminam o ambiente. O hálito quente, o soar das palavras sensuais em meus ouvidos. Sorvera um gole de vinho. Abdicava-me a estar atrelada em seus prestígios. Algo provinha de mim, eram rasgos de lucidez, confusos, provocados por tua presença pelo que percebiam meus olhos e meus ouvidos... Ligeiramente impulsionada pela gélida impressão dos meus sentidos, a sensação que estagnava meus delírios era um estado de languidez e fraqueza extremas, um precisar de seu corpo. Deixei-me ir ao léu, tão suavemente, de maneira tão sensível e fácil, cedi aos teus encantos. Teu corpo nu e quente inebria meus instintos, teu íntimo repousa no meu ventre.  Nós dois neste inverno, a carne treme incandescentes. Hibernar os corpos no langor do conforto; a alma exige deslizar no calor suave e nostálgico debaixo dos edredons sem pressa e sem muita exigência e assim mantêm estáticos, sem muito movimento, sem interrupções, entrelaçados. Nos intervalos do sono, mútua vontade latente explora novos universos. Somos apaixonados, enamorados e com toda arte transborda o cálice da paixão em procura de poesia. Os mistérios revelam quentes. E vivemos assim, matando a saudade com os olhos ardendo em desejo, bocas entre abertas, almas em chamas, carinho, carícias, selando nosso cúmplice desejo de  vivermos no conjugado verbo amor.

“Nos deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem auto-acusações ou vergonha.” Freud

Jane Cris
By Amelia Biagioli

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